segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

001/2012 - parece qu' é bruxo

Há pessoas nas cidades que nunca viram um lobisomem, que nunca ouviram vozes numa encruzilhada, há pessoas nas cidades que pensam que as bicicletas se chamam: bike e que é necessário vestirem-se de lycra, capacetarem-se, acotevelarem-se e ajoelharem-se para as conseguirem domar.
Não é verdade.
As bicicletas são animais domésticos, são uma companhia, ajudam-nos no trabalho e no lazer (no prazer).
A minha pasteleira verde ajudou-me muito, tanto na versão inverno, toda equipada, guarda lamas, guarda corrente, dínamo e faróis, como na versão verão, toda despida, mais leve, mais (b)ela.
Ajudou-me quando trabalhava na fábrica em Tramagal e com ela vencia a geada e as curvas, as descidas (com medo) e as subidas (com esforço); ajudou-me quando de tronco nu e cabelos ao vento (na altura tinha cabelo) desafiava a gravidade e os buracos das estradas...  
A bicicleta foi, continua a ser, uma ajuda, uma companheira de trabalho, basta olharmos para as imagens obtidas em Vale das Mós (Abrantes) há meia dúzia de dias.
Aquela bicicleta não é uma bike à espera de ser betetezada (atazanada por betinhos) é um meio de transporte digno, à espera de ser conduzido por um Leão (basta vermos os azulejos).
Dum lado, o trabalho, o querer, o acreditar, o esforço, a dedicação e a devoção que conduzem à glória; do outro, os lobisomens, as vozes nos quatro caminhos, os diabos vermelhos... as bruxas (parece bruxedo).